CONFLITOS x SOLUÇÕES – PARTE 2
Passados alguns anos deste episódio do Conflito – Parte 1 (https://annehuller.com.br/conflitos-x-solucoes-parte-1), tive um outro momento desafiador.
Neste, mais madura e me conhecendo melhor, se desenrolou assim:
Faltava um ou dois dias para o final de semana, mais especificamente sábado, e até então estava tudo certo para o expediente realmente finalizar na sexta-feira.
Sim, o regime de trabalho era de segunda a sexta-feira, 8h por dia.
Eis que a demanda de trabalho aumentou e meu coordenador – superior na hierarquia – comunicou para toda a equipe, no meio da sala, que sábado trabalharíamos (quem pudesse vir, era esse o combinado).
Eu, bem brava, planejadora, que gostava (ainda gosto, mas me aventuro mais hoje em dia) de tudo bem certinho, bem avisado, falei em alto e bom tom: Em cima da hora é bem complicado.
Ele ouviu, não gostou muito da maneira como me expressei, e continuou com seus afazeres. E eu, com os meus.
Saindo do trabalho, fui para casa refletindo: Não foi legal né, Anne?! Por que você reagiu daquele jeito? Por que ficou brava? O que aconteceu? Ele infringiu alguma “regra”? Não lembro ao certo as respostas desta conversa interna, apenas que minha atitude não foi legal e eu escolhi conversar com meu chefe no dia seguinte, antes dele falar comigo.
Uma das primeiras coisa que fiz quando cheguei no escritório foi conversar com ele. Sim, a primeira foi colocar meus pertences na mesa e tomar meu café da manhã. Até porque ele geralmente chegava depois de mim, o que daria o tempo certo para eu finalizar meu café.
Assim que ele chegou, pedi um tempinho para conversar com ele e ele prontamente atendeu.
Fomos a uma sala de reunião e então eu tomei partido e iniciei a conversa dizendo que minha atitude no dia anterior não tinha sido legal. Acho que até elevei um pouco a voz naquela ocasião, que é coisa rara de acontecer comigo. Falei que havíamos acordado que tudo seria avisado antecipadamente e naquele momento já estava em cima da hora, que é algo que “foge” do combinado, porém, ele poderia contar comigo para trabalhar no sábado.
Ele contou que realmente ficou surpreso com minha atitude no dia anterior, que não esperava aquilo de mim, mas que estava contente, também, por eu ter tomado a atitude de ir conversar com ele e, caso eu não o procurasse, ele me procuraria para conversar a respeito do ocorrido.
Tivemos uma conversa aberta, cada um colocando seus pontos de vista e tudo fluiu da melhor maneira possível. Não foi tão simples, afinal reconhecer os erros não é tão fácil. Porém, grandioso. É uma atitude nobre reconhecer os próprios erros ou que sua capacidade foi limitada em determinada situação.
E assim foi. Reconheci meu erro, tomei a atitude para assumir esse erro e busquei consertar da melhor maneira possível: chamando o envolvido com o seu erro para esclarecer o ocorrido e reconhecer que você também erra.
Pode parecer “coisa pouca” fazer isso, mas na realidade isso demonstra a proatividade do colaborador (no caso, eu) e a inteligência emocional do gestor (no caso, ele, meu chefe) de não gerar embate assim que o conflito foi gerado.
Eu diria que isso é autoconhecimento de ambas as partes. Primeiro dele, de ter a inteligência de respirar fundo e não continuar o embate. Depois, a minha, de refletir e buscar uma conversa para harmonizar o clima entre nós e entre todos da sala.
Aqui, já vejo uma evolução em relação à comunicação que busquei desenvolver (naquela época não tão consciente assim de quanto a comunicação é essencial em todas as relações) e, também, do quanto um líder que realmente é líder, dá espaço para ouvir o outro.
Eu pergunto: Você tem estado ciente das suas atitudes? Tem buscado desenvolver a sua comunicação para consigo mesmo e com os demais? Tem sido proativo?
Que resultados tem obtido com sua ação e com sua inação?
Vamos conversar sobre isso?



