Inspiração e Liderança: qual a relação entre eles

Estava fazendo o exercício que minha fisio me passou e em um deles, a inspiração mais profunda, me trouxe um insight:
Quando inspiro, eu trago vida. Quando expiro, eu deixo a vida. Trago a “morte”. Morte não no sentido de morte física, mas de morte de projetos, de ciclos que se encerram e por aí vai.
Quando você se INSPIRA em alguém, por exemplo, tem a ver com trazer VIDA para você, pulsante, vibrante. Te traz oxigênio para ter mais vida e seguir adiante com os desafios que se apresenta.
Você já percebeu isso?
O que te traz vida?
…
Do ponto de vista de liderança, a inspiração e expiração são necessárias.
Um empurra para o outro, o outro empurra para o primeiro. Isso vai existir na vida, basta sabermos reconhecer como nos posicionarmos diante de cada ciclo.
Isso me trouxe a lembrança de um livro que admiro muito e super recomendo a leitura que é Liderança Shakti – o equilíbrio do poder feminino e masculino nos negócios, de Nilima Bhat & Raj Sisodia.
E no capítulo que eles falam de flexibilidade, trazem a questão da inspiração e expiração.
“…atribuímos uma carga positiva à inalação porque é isso que traz o oxigênio que dá vida para nossos pulmões. Mas se continuar a inspirar sem expirar, você começa a cair no negativo, o uso excessivo do polo que é percebido como positivo.” Quando se inala de forma excessiva, o dióxido de carbono se acumula e o corpo vai “automaticamente” para o outro polo. O uso excessivo de exalar leva à “privação do oxigênio”
E assim circulamos pelas polaridades, ora num, ora noutro polo. Dessa maneira que “o ritmo de vida é mantido”.
As polaridades são necessárias; basta “reconhecer onde estamos no ciclo e responder adequadamente”.
Na liderança, é possível fazer uma correlação entre “tomar uma posição versus assumir um ponto de vista.”
É tão envolvente este trecho do livro e tão real e verdadeiro, que preferi compartilhar a informação na íntegra, um texto escrito por Lynne Twist:
Quando eu estou em uma posição de liderança e estou confusa, pois há tantas vozes e não se pode precisar qual caminho percorrer, quem está certo ou errado e qual voz é mais forte, eu sempre sinto que o que se quer transmitir não pode aparecer. Quando as pessoas ficam presas no seu ponto de vista ou na sua posição, cria-se um ponto de vista contrário. […] Pense nelas apenas como ponto de vista… […] Pontos de vista são importantes e úteis; eles são posições no tabuleiro do jogo. Mas se você acha que o seu ponto de vista é o único certo, isso dificulta a sua capacidade de mudança. A melhor maneira de pensar sobre isso é “tomar uma posição”. Toda grande liderança vem da capacidade de se tomar uma posição. Uma posição é um lugar de onde se tem visão. Uma posição engloba, permite e respeita todos os pontos de vista. Uma vez que um ponto de vista tem sido respeitado ou ouvido, pode se dissolver.; ele não precisa lutar por sua posição. Quando você toma uma posição, abandona o seu ponto de vista; em vez disso, pode liderar com uma visão, algo inspirador que engloba e permite que todos os pontos de vista sejam vistos, respeitados e capazes de contribuir com o processo. Uma vez que você os tenha recebido, eles podem dissolver-se porque não precisam mais lutar para estarem certos ou errados. Em uma reunião onde as pessoas estão discutindo a partir do seu ponto de vista, se o líder consegue se posicionar por uma visão maior ou mais profunda do que quaisquer pontos de vista na reunião, e de lá receber, ouvir e recriar todos os pontos de vista da mesa, então a discussão de posicionamento e de quem está certo e quem está errado começa a se dissolver, e todo mundo começa a encontrar alinhamento e uma visão compartilhada. A questão pode avançar para sua resolução natural ou realização.
Gandhi é um exemplo de um líder que tomou uma posição que permitiu que todos os pontos de vista fossem ouvidos, respeitados e começassem a se dissolver. No trabalho que eu fiz com Projeto Fome, não estávamos contra nada. Estávamos a favor de um mundo onde cada ser humano tem chance de ter uma vida saudável e produtiva. Martin Luther King Jr. é outro exemplo; sua visão foi o que inspirou a sua liderança, não o seu ponto de vista. Obviamente, ele tinha um ponto de vista que a segregação é errada; ele tinham uma posição de que as leis que regiam nosso país eram preconceituosas. Tudo isso era totalmente válido. Mas ele liderou a partir da visão e de uma posição, e não de uma opinião a favor ou contra alguma coisa.
Achar que somente seu ponto de vista é o único a ser ouvido, lamento informar, não será. Pode ser que tenha relevância, mas um líder com a capacidade de ouvir todos, mesmo que num primeiro momento “aquela ideia absurda” ou “totalmente avessa” de um colega possa não ter sentido, com a inspiração e a expiração, ele vai conseguir levar a reunião para um ponto comum: o de tomar uma posição. “Podem dissolver-se” em algo para um bem maior.
Aqui entra também a importância da respiração em todos os momentos, principalmente nos momentos de maior tensão, nos quais a inspiração e expiração tendem a ficar mais intensas.
Liderar é direcionar, é inspirar, dar vida a projetos, a sequências, a continuidades. É dar espaço a complementaridade. É tomar posição e assumir os riscos por uma causa maior, na qual a equipe também tem participação.
Aqui entra a comunicação, a escuta ativa, a flexibilidade. Temas que trarei em momentos posteriores.
Por ora, pergunto: Você já tinha percebido como a respiração tem a ver com a complementaridade? E o quanto aquela “fala atravessada” (“atravessada” sob o seu ponto de vista) de um colega, trazendo um ponto de vista totalmente diferente pode ser tão grandioso quanto o seu para a tomada de decisão do líder?
Não é sobre estar certo ou não, é sobre uma causa maior. Sobre visão longínqua. Sobre dar exemplo. Sobre, realmente, INSPIRAR!
(e saber, também, quando expirar)


